Acautelai-vos dos Falsos Profetas





Definição de profeta: Aquele que fala da parte de Deus aos homens.
Em relação ao evangelho, profeta é portanto aquele que anuncia o evangelho de Jesus Cristo com a mesma precisão da verdade tal como se encontra registrada na Bíblia.
Mais precisamente… é aquele que conduz por sua mensagem, pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo, e a andarem em conformidade com a Sua santa vontade.
Este é o profeta do Novo Testamento, desde que nosso Senhor Jesus Cristo se manifestou com a revelação final da verdade, nada deixando para que lhe fosse acrescentado; de modo que se alguém se levanta anunciando alguma mensagem que afirme ser uma nova revelação da vontade de Deus para a Igreja, que contrarie o que já foi revelado nas Escrituras, esta pessoa estará pregando algo falso.
Agora, através do dom de profecia, Deus pode usar a quem Ele quiser, para – dentro do contexto e tom das Escrituras – exortar, consolar ou edificar a Sua igreja.
Como a salvação e edificação de almas é feita através da fé na mensagem do genuíno evangelho de Cristo, é evidente que Satanás usará de todos os meios e artifícios para distorcer e adulterar a referida mensagem de forma que não produza o efeito esperado por Deus.
O meio mais comum de fazê-lo então será por levantar lideres no meio da própria Igreja que passem por dignos, confiáveis mensageiros do evangelho, quando na verdade são lobos em pele de cordeiro.
Para isto, não há necessidade que aquele que será usado pelo diabo para enganar a muitos, esteja consciente do que está fazendo, de maneira que há muitos que enganam que também estão sendo enganados pelo diabo, porque pensam que estão pregando e ensinando a verdade, e agindo de modo verdadeiramente cristão, quando na verdade não o estão fazendo.
Todavia, muitos destes que são enganados pelo diabo para ministrarem um evangelho adulterado, são despertados posteriormente pela graça de Deus e chegam ao conhecimento da verdade, à qual agora eles se apegam com toda a sua alma.
Assim, quando a Bíblia faz firmes e severas repreensões contra os falsos profetas, não é propriamente a estes irmãos que andaram confusos por algum tempo, mas àqueles que obstinadamente resistem a uma vida verdadeiramente santa, operada por uma submissão humilde e sincera aos mandamentos do Senhor, e cujo ego inchado é usado pelo diabo, criando neles convicções reativas ao evangelho e ao modo de se andar na igreja, que contrariam frontalmente os mandamentos de Jesus, de modo a manter os crentes afastados daquela verdadeira santificação que seria produzida em suas vidas caso lhes fosse ministrada a verdade.
É a este tipo de falsos profetas e mestres que o apóstolo Pedro se refere em sua segunda epístola.
Pedro disse que estes falsos profetas e mestres introduziriam suas heresias destruidoras na Igreja de maneira encoberta, isto é, agindo como lobos em peles de ovelhas tal como Jesus havia alertado a Igreja para que se acautelasse deles, exatamente por causa desta dificuldade de serem logo identificados.
Eles negam o Senhor porque não pregam debaixo da obediência à Sua vontade somente aquilo que Ele nos ordenou para ser ensinado e guardado.
Eles pregam algumas coisas agradáveis do evangelho pela própria escolha deles para agradarem e seduzirem as pessoas.
Eles não pregarão o escândalo da cruz, e não atacarão firme o pecado, e não disciplinarão os crentes com toda a longanimidade e doutrina, antes pregarão uma graça irresponsável que não é a verdadeira graça – a qual exige diligência e santificação dos cristãos, ou então pregarão uma salvação por meio de obras, e não pela graça, mediante a fé, de modo a manterem as pessoas atemorizadas e debaixo do domínio deles, por temerem que não venham a cumprir as suas ordens e desejos – que impõem aos crentes como coisas necessárias para que não se desagrade a Deus.
Eles, servem a si mesmos e não ao Senhor e aos interesses do Seu reino.
Assim, o evangelho destes falsos profetas e mestres não tem porta estreita, nem caminho estreito para a salvação, segundo a santificação que leva à mortificação de todo tipo de pecado, e a um andar na justiça evangélica; senão uma porta ampla e um caminho largo para os crentes viverem desordenadamente, desde que atendam aos interesses de seus “líderes” que constituíram a si mesmos sobre eles – não da parte do Senhor e nem por uma chamada específica para o exercício do ministério.
Como pregariam a mensagem relativa à graça e a verdade do evangelho, quando eles mesmos não a conhecem?
Como pregariam a santificação evangélica, quando eles próprios não a vivem?
Eles falam de Jesus, mas o Jesus que eles pregam não é o da Bíblia, e por isso o apóstolo afirma que eles negam o Senhor que os resgatou, e com isso trazem sobre si mesmos repentina destruição (v. 1).
Nenhum cristão bem instruído pelo Espírito deveria permanecer debaixo da liderança destes falsos profetas e mestres, porque são muitos os que seguem as suas dissoluções, e por causa deles o caminho da verdade é blasfemado (v. 2), porque a santificação não será forjada na vida dos seus ouvintes, porque eles vivem na carne e não pregam a verdade, e sem a prática da Palavra não há santificação, assim como quem prega na carne nada mais pode gerar senão o que é carnal, e jamais o que seja verdadeiramente espiritual.
Uma outra característica destes falsos profetas e mestres é que eles ministram movidos pela ganância, porque o que eles visam verdadeiramente não é a glória de Deus, mas aquilo que é do próprio interesse egoísta deles, e para atingir os seus propósitos pessoais eles agem usando palavras fingidas, e usam os cristãos como fossem uma mercadoria deles, para atingirem dos seus objetivos gananciosos (v. 3).
E isto não tem a ver somente com vantagem financeira, mas com fama, primazia, louvor do ego inchado deles.
No entanto a condenação deles já foi lavrada por Deus há muito tempo e a destruição deles é certa, porque o Senhor dar-lhes-á a devida paga a Seu tempo, conforme afirma o apóstolo Pedro.
Se nem mesmo aos anjos que pecaram, ele poupou lançando-os no inferno, e tem mantido a muitos deles no abismo de trevas, onde se encontram aguardando o dia do juízo final sobre eles (v. 4), quanto mais não serão condenados pelo Senhor estes falsos ministros que estão a serviço do diabo.
Também com certeza não os poupará porque somente Noé e mais sete pessoas foram livradas do inferno quando Deus destruiu milhões de pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló foi livrado da destruição pelo fogo das cidades de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou como exemplo do que sucederá a todos os que vivem impiamente (v. 5, 6).
Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e reservar para o dia do juízo os injustos que ele começou a castigar ainda aqui neste mundo para revelar que haverá de fato um juízo final (v. 7 a 9).
Satanás e os seus ministros procuram se levantar principalmente contra a autoridade de Deus, e como não podem atingi-lo diretamente, eles atacam as autoridades que foram instituídas por Ele, rebelando-se contra elas com seu atrevimento, arrogância e não receiam blasfemar da dignidade delas, enquanto que os próprios anjos, embora sejam maiores em força e em poder, não pronunciam juízo blasfemo contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10, 11).
Depois de nos colocar em alerta contra os sedutores, o apóstolo passou a descrevê-los mais detalhadamente a partir do verso 12; e neste verso eles são descritos como aqueles vasos de ira preparados para a destruição, porque seguem resolutamente a natureza terrena deles agindo como fossem criaturas irracionais, porque não fazem uso adequado da razão para levarem seus pensamentos cativos à obediência de Cristo, de maneira que, por natureza, permanecem na condição de existirem para serem aprisionados e mortos espiritualmente, e como blasfemam daquilo que não deveriam blasfemar, mas o fazem porque não podem entender a natureza das coisas contra as quais blasfemam, é certo que perecerão na sua corrupção.
Eles se riem daqueles que levam a vontade de Deus a sério, e que se santificam, porque isto é para eles algo exagerado, fanático, desnecessário, e assim, eles blasfemam contra as coisas santas de Deus.
Como eles vivem na carne, o seu prazer está voltado para deleites, entretenimentos, festas, reuniões para o propósito de satisfazerem a carne com banquetes e outros deleites relativos às paixões e desejos de suas almas ímpias.
Como não podem caminhar na verdade se deleitam nas suas dissimulações, porque vivem do engano, e têm prazer nisto.
Eles são verdadeiras manchas para o nome de Cristo e da Sua Igreja.
São adúlteros espirituais, pois se aliançam com o mundo e com aqueles que servem a Satanás, a pretexto de ampliarem a obra de Deus (construção de templos suntuosos, obras sociais de fachada etc), e a fome deles para pecar não pode ser saciada, e assim toda alma que for inconstante será engodada por eles.
O coração deles se exercita continuamente na ganância, e são filhos de maldição porque seguem pelo mesmo caminho de Balaão, que profetizava por dinheiro.
Eles deixaram voluntariamente o caminho de Deus e se desviaram por amarem o prêmio da injustiça tal como fizera Balaão, o modelo deles do passado.
Alegam servir a Deus e seguir as Escrituras, mas não dão a devida consideração aos mandamentos de Cristo para pô-los em prática em suas vidas e nas dos crentes que dirigem (v. 13 a 16).
Eles se apresentam como fontes, mas não têm água para saciar a sede dos que têm sede da água viva do Espírito; são nuvens levadas pelo vento e que também não trazem chuva para regar a terra de corações, que necessitam serem amolecidos, e assim o que está reservado para eles é a negridão das trevas (v. 17).
Quão distante estão portanto estes falsos profetas e mestres do exemplo de humildade e mansidão que houve em Cristo e que deve ser achado também em todos os Seus ministros.
Quão longe eles estão daquela santidade de vida que deve existir em todos os verdadeiros ministros de Cristo.
Quão resistentes eles são à Palavra de Deus e ao trabalho do Espírito, sobretudo no que diz respeito à implantação de todas as graças que o apóstolo relacionou no primeiro capítulo da sua segunda epístola.
Por tudo isto eles comprovam que são pessoas que não possuem de fato a habitação do Espírito Santo, que lhes teria regenerado e santificado, tornando-lhes novas criaturas.
Estes falsos profetas e mestres se intrometeriam na liderança da Igreja, mas o apóstolo está alertando os cristãos para não reconhecerem a tais homens e não permitirem que eles permaneçam no exercício do ministério, porque debaixo da liderança deles o rebanho certamente será posto a se perder.
A sedução deles consiste em atrair os discípulos para uma vida carnal e sensual que não lhes exija, conforme é da vontade de Deus, a mortificação do pecado e a prática da justiça, por um andar no Espírito.
Então eles agradarão a muitos, porque não são poucos os que resistem a um viver e um andar no Espírito, e que consideram ser possível agradar a Deus vivendo na carne.
Eles sinalizam com liberdade total sob a alegação de que os cristãos estão na graça – a graça para eles é libertinagem e não a verdadeira graça de Deus que é o poder de Deus para vencer o pecado, o diabo e o mundo.
E então eles próprios permanecem ainda presos às suas cobiças e pecados, enquanto oferecem aos outros uma liberdade que eles próprios não possuem.
O que pode parecer para muitos ser uma vantagem para os falsos profetas e mestres, o fato deles terem algum conhecimento nocional da verdade das Escrituras em suas mentes, apesar de não tê-lo por experiência em seus corações, que isto servirá pelo menos de abrandamento da pena para eles no dia do Juízo.
No entanto, isto não será uma circunstância atenuante, senão agravante, porque o apóstolo afirma que o último estado deles será pior do que o primeiro, porque seria melhor que fossem totalmente ignorantes acerca dos caminhos de Deus, do que conhecendo o que se exige para andar neste caminho, tenham vivido num outro caminho diferente, e ainda conduzindo a outros a caminharem de maneira errada (v. 18 a 22).
Não haverá portanto nenhuma consideração da parte de Deus no dia do Juízo para aqueles que tenham vivido por um período, ainda que apenas de maneira externa, segundo os mandamentos da Palavra, e que logo depois vieram a apostatar entregando-se abertamente à prática das antigas corrupções que eles haviam abandonado temporariamente, eles serão considerados como o cão que voltou ao seu vômito e a porca lavada que voltou ao lamaçal.
Estas palavras são também reafirmadas em essência pelo apóstolo Judas, irmão do Senhor Jesus, na curta epístola do Novo Testamento, que escreveu e que leva o seu nome.
Somente a justiça de Cristo aplicada à alma, e a perseverança na santificação, que comprova e é a evidência de ter sido de fato justificado pela graça mediante a fé, pode livrar da condenação vindoura.
Este é o fruto que não será achado na vida dos falsos profetas. É por não terem este fruto verdadeiro de santidade e justiça que podemos conhecê-los, porque o “evangelho” que eles pregam e ensinam não pode gerar tal fruto nem na vida deles, nem na dos seus ouvintes.

A Carne Vai Gemer, Vai Doer, Mas o Pecado Vai Morrer



“1 Visto, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: porque aquele que padeceu na carne já deixou o pecado;
2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
3 Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.
4 Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão,” (I Pedro 4.1-4)
O apóstolo aponta nesta passagem a necessidade que temos de mortificar o pecado.
Paulo havia dito em Romanos que nós morremos juntamente com Cristo, e que os Seus sofrimentos e morte foram considerados por Deus como sendo nossos, de maneira que nos encontramos identificados com a sua morte e sofrimentos.
E a causa daqueles sofrimentos e morte que Jesus padeceu, não foi por algum pecado Seu, próprio, mas em razão dos nossos pecados.
Ora, se o pecado foi morto pela morte de Cristo, então importa que o mortifiquemos em todo o nosso viver, a par de todos os sofrimentos e renúncias que isto possa nos trazer, porque afinal, Jesus que não tinha pecado, suportou tudo e renunciou a tudo por nós.
Assim, o sentido é: “Como Cristo sofreu em sua natureza humana, vocês, de acordo com o seu voto batismal e profissão, façam a sua natureza corrupta sofrer, colocando à morte o corpo do pecado pela abnegação e mortificação, porque, se você não agir assim, você não será conforme a Cristo na sua morte e ressurreição, e não deixará o pecado.”
Negue as paixões do Seu ego. Negue seus desejos carnais. Renuncie aos prazeres mundanos pecaminosos, e viva de modo criterioso e sóbrio para Deus.
O início de toda verdadeira mortificação está na mente, não em penitências e flagelações do corpo. A mente do homem natural é carnal, cheia de inimizade contra Deus.
Deste modo, o apóstolo nos convoca a termos isto sempre presente em nossa mente, ou seja, estarmos com o nosso pensamento previamente armado para esta necessidade de suportar os sofrimentos e renúncias com paciência, sabendo que isto é o que contribuirá para uma efetiva mortificação dos nossos pecados pelo Espírito Santo, que trabalhará em nós segundo a aplicação da nossa vontade em tal direção.
O crente morreu com Cristo para o pecado, então a conclusão óbvia é que o pecado deve também morrer em nós.
Pedro considera que o que o crente já praticou de pecado antes da sua conversão debaixo da direção de Satanás já foi mais do que suficiente para que ele continue negligentemente fazendo concessão ao pecado mesmo depois da conversão.
Ele já não é mais escravo do pecado e nem do diabo, mas da justiça e do Deus vivo. Paulo também falou sobre isto em Romanos 6.
Não importa que os gentios, ou seja, aqueles que não conhecem ao Senhor e nem aos mistérios revelados da santidade da vida cristã, porque não amam a Deus e a Bíblia, pensem que esta forma de viver em santificação é algo estranho, e com isso façam duras críticas ao viver dos crentes, quando estes seguem a vontade de Deus e deixam de lhes acompanhar em suas devassidões.
Esta rejeição é mais uma das muitas formas de sofrimento que o cristão terá que enfrentar em sua fidelidade a Cristo.

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